sábado, 5 de novembro de 2011

Os Servos da Terra

As primeiras páginas são  a elegia do arado e da sua dimensão no sacrifício de quem trabalha a  terra. Hoje, uma relembrança da história e do sacrifício dessa gente heróica que beijava a terra e a trabalhava com canseiras extraordinárias, suor e lágrimas. Casas já sem tecto, sinais de declínio humano e social. Uma saudade viva repleta de humanidade e amor. Ruas velhas, seres humanos da saudade de Agrodoval, apontam-nos as perspectivas para a leitura de um romance de história e maravilha. De humanidade e esperança. Tarefas ingentes do ruralismo que faz a Pátria e a ama a a quer sempre.
Páginas vibrantes da vida rural com história que não se esgota nunca. Costumes e frustrações. Arado e enxada, símbulos do trabalho imenso.
Acompanhamos a evidencia de personagens na história da vida campestre, no diálogo emocionante. Sacrifício da terra aldeã sem gente nova que a trabalhe. Emigraram e ficaram os velhos. Uns desapareceram. Outros têm o sabor da vida amarga e o fim à vista.
Os Servos Da Terra,  descrição opulenta dos cenários da aldeia com suas figuras de humanidade íntegra. Aí estão as realidades. Álvaro de Oliveira define fenómenos psicológicos com uma naturalidade indiscutível. As figuras recortam-se como realmente são e vivem. Sentimentos, diálogos, formas de estar na vida, preocupações. O ruralismo tem, nesta obra e neste autor, que o vive e exalta. Que o sente e analisa sem intromissões de conceitos literários menos condizentes com a realidade. O ruralismo com as suas figuras, as alegrias e dramas é a verdade que é nossa, psicologicamente inconfundível. Robusta, sincera admirável.
O talento de Álvaro de Oliveira e a sua capacidade  analítica e  psicológica, aí estão em páginas atraentes, ricas de mistério e claridade. Surpreendeu-nos, embora com o reconhecimento do seu enorme talento. Honra a nossa literatura. Neste romance de temas rústicos, Álvaro de Oliveira define um alto conceito literário e humano e também, social da realidade portuguesa que se considera património fundamental como valor da terra que se trabalha e ama, com um ente querido. Sacrifício e amor que valem um epopeia.
Os Servos da Terra é uma obra que prestigia a literatura  e dignifica o seu autor, poeta de grande valor e escritor de concepções humanísticas que sabe e vive com as personagens que vê e com elas se confunde numa demonstração de rica sensibilidade.

                                                                       João de Sousa Machado
                                                                        * Notícias de Guimarães

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