segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mãos de Sal

... Não é imparcial o olhar do Álvaro para o fiel da balança que planta na sua poesia. As suas mãos de sal escolheram poiso no mesmo prato, arrastando para o seu lado um ponteiro resoluto que aponta um amanhã sem algemas guiado pelos poetas, um amanhã sorridente, comunitário, em contínua construção. Constata revoltado o parasitismo arrogante dos que só «sabem multiplicar para diminuir». e, ora em tom sereno de pena a afagar uma brisa, ora em tom arrebatador de lança sibilante «a abrir as fendas destas horas árduas», faz alicerces a esse amanhã que já tem berço na sua poesia.
É  de coração ao leme da barca das palavras que ele ostenta à proa do livro esta certeza: «há-de rebentar a cela dos teus dias» - e as veias comprometidas engavinharam-se todas no propósito. Vemos o Álvaro enxertando esperança, uma esperança que não vegete prenhe de dores cercada numa cela que ceive dias desmembrados, insalobros (traz-nos o sal); uma  esperança (aguerrida) sem contornos na liberdade das letras. Ergue-se decidido neste mar de desamparada melancolia com apelos necessários em momentâneas e arrebatadoras irrupções de revolta.

                                                                                José A. Pinto de Matos
                                                                               * pequeno enxerto do Prefácio

A  escrita do Álvaro de Oliveira, prende-me a atenção desde os tempos da página de Literatura & Arte do jornal Correio  do Minho, onde fomos, durante muitos anos, assíduos colaboradores. Os textos assinados por ele são duma admirável beleza, cuidadosamente elaborados, com um discurso poético fluente, e refinadamente trabalhado a testar tratar-se de um grande talento.
Enfim, o recente livro do Álvaro de Oliveira, é de  grande aparição literária, pelos temas focados, que são vividos e actuais, e que nunca é demais dissecar e escalpelizar, e faz-nos crer que  continuará nesta senda de tanto mérito, o que o honrará, e com o que todos, seus amigos e admiradores, temos de  nos congratular.

                                                                                   A. Garibaldi
                                                                                  * Gazeta de Felgueiras

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