sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Algas da Sede

 Poemas de sugestão e certo ritmo, a lembrar-nos que uma obra de arte pode ser, antes de mais, «sugerir» e musicar: «L'art c'est dela musique», bem ao gosto de Verlaine e seus pares simbolistas.
Seja como for, estas pequenas mensagens, que tenho diante dos olhos, estão bem marcadas, também, da humanização no realismo social, tão aliciantes em nossos dias, pintalgadas de um sensorialismo vibrátil e intimista um pouco mais vincado em Algas da Sede com volátil, púdico e  discreto sensualismo de coração adolescente, a ferver!
Ao falar de alma jovem, não me refiro a anos, pois nem sei o escalão etário do Álvaro de Oliveira, mas a uma vitalidade  que pode muito bem despoletar-se em idades maduras como as «Folhas Caídas», de Garrett, que foram a surpresa das surpresas em sua vida, como revelação interior empolgada, quando já pouco se esperaria de líricas crepitantes, nele! Não trago este polígrafo por acaso, pois logo nele pensei, ao ler estes poemas curtos a encher de  vida as páginas deste opúsculo. E que viço!
Como que viciado por tantos anos de ensino do Português, desde 1953 a 1977, nomeadamente da literatura, em moldes tradicionais de conteúdo e forma, onde se procurava descobrir e ensinar adentro de parâmetros de harmonia geométrica de estesia literária, pois com certa dificuldade poderei apresentar-me com as devidas credenciais de um crítico amestrado e convincente.
Daí, serem estas minhas palavras mais um estímulo, e uma atitude de carinho   por quem se lança pelas vias da criatividade, sempre de louvar e apreciar. E não farei nenhum favor ao autor em lhe dizer que já produziu  duas obras de arte a ter em conta.

                                                                                                
                                                              João Gomes Gonçalves
                                                                                                    

Sem comentários:

Enviar um comentário