quarta-feira, 9 de novembro de 2011


É comum associar-se a poesia à arte musical. Raramente à escultura. Mas é precisamente isso que acontece neste belo, belíssimo livro de poemas de Álvaro de Oliveira! Partindo das esculturas de outro grande criador, Jorge Ulisses, o poeta parte em busca da "palavra essencial", numa poesia burilada letra a letra, tal como Ulisses utiliza o cinzel na constante procura do coração das pedras...
... No fundo, e sem quaisquer pretensões de resumirmos a um livro tão belo como este a uma única e por certo inócua expressão, poderíamos afirmar, sem margem de erro, que este livro nos fala das impressões de uma viagem ao universo da escultura. Aliás, até o insistente e leve ritmo binário dos versos nos fazem lembrar o martelo que, pausadamente, bate no cinzel que «transfigura» o mármore, ritmo que se torna evidente em cada poema que nos entra pela alma adentro, ainda que cada palavra nos obrigue a seduzir a nossa própria imaginação para penetrarmos nesse mundo das profundezas que é a poesia de Álvaro de Oliveira

                                                                   Miguel de Mello
                                                                                        * Jornal   Diário do Minho

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