A
meu ver, seguiu um modelo de análise impressionista, profundamente
atento e rendido ao que cada autor lhe desperta ou aviva.
Além
disso, tem também um olhar meticuloso sobre a forma como cada um
escolhe e seleciona as palavras que verte na construção dos
sentidos expressos e nomeia-as com ternura dedicada, atenta e
reveladora dos sentidos peculiares que nelas bebeu.
Álvaro
revela-se um leitor atentíssimo, um verdadeiro crítico na análise
das obras selecionadas, o que pressupõe ser um estudioso tendo para
isso obrigatoriamente subjacente, muitas outras leituras da arte de
saber o que e como deve ser feito, quando se deseja ser crítico
isento e fiel do que nos atrevemos a ler, a analisar e a partilhar.
Álvaro,
neste seu outro olhar sobre a escrita dos outros, sabe ler e sentir,
como afirma, “ os ritmos musicais, enigmas e pensamentos de cada
poema” nos gestos, nas palavras, no olhar ou mesmo na atitude que
cada um lhe revela.
Assim
adverte-nos que a literatura e nomeadamente a poesia não quer pressa
nem ânsia de escrita, exigindo meditação, reflexão e cuidada
atenção. É assim que Álvaro a lê e analisa, buscando e mostrando
o que de singular encontra nos autores visitados.
Sentimos
a sua especial atenção e prazer no lirismo que atravessa a maioria
dos poemas, nos elementos da natureza cantados, na escrita como forma
de liberdade e expressão de sentimentos, condimentados pela
musicalidade, harmonia e ritmo que os atravessa.
Álvaro
encanta-se e nomeia a forma peculiar como cada um dos diferentes
sujeitos poéticos exprimem uma pluralidade de sentimentos: amor,
liberdade, insubmissão, harmonia, plenitude, interioridade, saudade,
espanto, beleza, paz, igualdade ou injustiça.
Em
todos anota o cuidado e o labor com que a palavra é vertida na
página em branco a quem a confiam, dando corpo á afirmação de que
a arte poética é uma tarefa de amor, amor de exigência permanente
e que só se alcança com meditação, reflexão e atenção apuradas
para alcançar a expressão perfeita do que se sente e deseja
revelar, porque a escrita não é obra de pura inspiração mas de
sistemático e rigoroso trabalho suado para se obter o condimento
certos na medida exata…
Na leitura dos romances e dos contos, Álvaro foca-se e enfatiza o modo como cada autor veste a palavra para uma função comunicativa que nos faz reviver modos de vida de um passado recente, encantatoriamente descritos e narrados, de forma viva e, frequentemente, oralizante, onde os lugares, as cenas e a construção dos personagens ficcionados nos parecem tão reais e o transportam para um tempo de memória, marcado pela saudade, assentando na beleza de uma literatura rural esmeradamente trabalhada com enorme riqueza e diversidade vocabular, provocando no leitor. excitação e emotividade.
Na leitura dos romances e dos contos, Álvaro foca-se e enfatiza o modo como cada autor veste a palavra para uma função comunicativa que nos faz reviver modos de vida de um passado recente, encantatoriamente descritos e narrados, de forma viva e, frequentemente, oralizante, onde os lugares, as cenas e a construção dos personagens ficcionados nos parecem tão reais e o transportam para um tempo de memória, marcado pela saudade, assentando na beleza de uma literatura rural esmeradamente trabalhada com enorme riqueza e diversidade vocabular, provocando no leitor. excitação e emotividade.
Gracinda Castanheira
Excerto do Texto de Apresentação
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